quinta-feira, 19 de novembro de 2009

O POVO ÁRABE.


Os árabes são um povo heterogêneo que principalmente no Oriente Médio e na África setentrional, originário da península arábica constituída por regiões desérticas. As dificuldades de plantio e criação de animais fizeram com que seus habitantes se tornassem nômades, vagando pelo deserto em caravanas, em busca de água e de melhores condições de vida. A essas tribos do deserto dá-se o nome de beduínos.

Existem três fatores que podem ajudar, em graus diversos, na determinação se um indivíduo é considerado árabe ou não:

* políticos: se ele vive em um país membro da Liga Árabe (ou, de maneira geral, no mundo árabe); essa definição cobre mais de trezentos milhões de pessoas.
* lingüísticos: se sua língua materna é o árabe; essa definição cobre mais de duzentos milhões de pessoas.
* genealógicos: Pode-se traçar sua ascendência até os habitantes originais da península arábica.

A importância relativa desses fatores é estimada diferentemente por diferentes grupos. Muitas pessoas que se consideram árabes o fazem com base na sobreposição da definição política e lingüística, mas alguns membros de grupos que preenchem os dois critérios rejeitam essa identidade com base na definição genealógica. Não há muitas pessoas que se consideram Árabes com base na definição política sem a lingüística— assim, os curdos ou os berberes geralmente se identificam como não-árabes— mas alguns sim (por exemplo, alguns Berberes consideram-se Árabes e nacionalistas árabes consideram os Curdos como Árabes.

Segundo Habib Hassan Touma (1996, p.xviii), "A essência da cultura árabe envolve:

* língua árabe
* Islã
* Tradição e os costumes
"

E assim, "Um árabe, no sentido moderno da palavra, é alguém que é cidadão de um estado árabe, conhece a língua árabe e possui um conhecimento básico da tradição árabe, isto é, dos usos, costumes e sistemas políticos e sociais da cultura."

Quando da sua formação em 1946, a Liga Árabe assim definiu um árabe

"Um árabe é uma pessoa cuja língua é o árabe, que vive em um país de língua árabe e que tem simpatia com as aspirações dos povos de língua árabe."

A definição genealógica foi largamente utilizada durante a Idade Média (Ibn Khaldun, por exemplo, não utiliza a palavra Árabe para se referir aos povos "arabizados", mas somente àqueles de ascendência arábica original), mas não é mais geralmente considerada particularmente significativa.

Embora pratiquem ou se interessem por outras religiões como o espiritismo e o candomblé, o árabe é essencialmente formado por muçulmanos, judeus e cristãos. Nesse sentido, a maior parte dos árabes, são seguidores do islã, religião surgida na Península Arábica no século VII e que se vê como uma restauração do monoteísmo original de Abraão que para eles, estaria corrompido pelo judaísmo e cristianismo. Os árabes cristãos são também muito numerosos; nos Estados Unidos, por exemplo, cerca de dois terços dos Árabes, particularmente os imigrantes da Síria, da Palestina e Líbano. No Brasil e na Argentina a proporção de cristãos entre os imigrantes árabes é ainda maior mas só recentemente nesses países que a população islâmica evoluiu, sem necessariamente serem muçulmanos árabes. De modo geral todos os imigrantes espalhados pelo mundo "judeus ou cristãos" são uma conseqüência longínqua dos efeitos das cruzadas.

Durante os séculos VIII e IX, os árabes (especificamente os Umayyads, e mais tarde os Abassidas) construíram um império cujas fronteiras iam até o sul da França no oeste, China no leste, Ásia menor no norte e Sudão no sul. Este foi um dos maiores impérios terrestres da História. Através da maior parte dessa área, os Árabes espalharam a religião do Islã e a língua árabe (a língua do Qur'an) através da conversão e assimilação, respectivamente. Muitos grupos terminaram por ser conhecidos como "árabes" não pela ascendência, mas sim pela arabização. Assim, com o tempo, o termo "árabe" acabou tendo um significado mais largo do que o termo étnico original. Muitos Árabes do Sudão, Marrocos, Argélia e outros lugares tornaram-se árabes através da difusão cultural.

O nacionalismo árabe declara que os árabes estão unidos por uma história, cultura e língua comuns. Os nacionalistas árabes acreditam que a identidade árabe engloba mais do que características físicas, raça ou religião. Uma ideologia similar, o pan-arabismo, prega a união de todas as "terras árabes" em um Estado único. Nem todos os Árabes concordam com essas definições; os Maronitas libaneses, por exemplo, rejeitam geralmente a etiqueta "árabe" em favor de um nacionalismo maronita mais estreito, transformando o cristianismo que professam em sinal de diferença em relação aos muçulmanos que se consideram árabes (embora, em outros casos, o cristianismo seja o contrário; valor imutavelmente ligado à identidade árabe, a qual transcende a religião, sem negá-la, como é o dos melquitas, cujo Patriarca, Gregório III Laham, afirma "Nós somos a Igreja do Islam").
CONFLITOS:
Na Arábia existia uma grande rivalidade entre as tribos do norte (conhecidas por maaditas ou nizaristas) e as do Sul (os iemenitas).

A religião era um dos fatores que incentivavam essa rivalidade. Os árabes em geral acreditavam na força da natureza, das pedras, das árvores sagradas e nos djinns ("espíritos","anjos" ou "gênios") das fontes. Essas forças podiam também atormentar os seres humanos através de desgraças das quais eram responsabilizadas. Embora os povos tivessem tais pensamentos em comum, cada tribo possui deuses particulares e algum ancestral animal especial.

Os iemenitas opunham-se aos mercadores, agiotas e cambistas do golfo Pérsico devido aos seus modos de vida e interesses econômicos. Em determinado tempo os iemenitas começaram a fundar novas cidades ao norte, atraídos pelos lucros comerciais obtidos no mar Vermelho e buscando poços d'água, o que fez os conflitos intensificaram-se. Os bétilos (pedra sagrada carregada em camelos, em cujas rédeas os chefes tribais revezavam-se) eram um dos objetos sagrados particulares dos nômades mais cultuados por eles mesmos.

Peregrinações

Contudo, tribos de vida sedentária e mercadores eram influenciados por comerciantes judeus e cristãos das cidades árabes interioranas e do litoral a atrair tribos instaladas nos arredores para peregrinações religiosas que acabavam por transformar-se em grandes feiras.

Pode-se dizer que graças à estes mercadores e tribos houve tempos de paz durante os conflitos. Isso porque, devido ao sucesso das peregrinações, ficou estabelecido desde o século V que durante quatro meses suspenderiam-se os conflitos entre as tribos para que as peregrinações aos estupendos templos cúbicos ocorressem.

Esses grandiosos templos eram constituídos em geral de pedra e guardavam divindades cultuadas pelas várias tribos da Arábia.

Essas peregrinações, alimentadas pelas tréguas, tornaram a cidade de Meca um dos maiores centros religiosos da península.

Atualidade

Apesar do crescimento devido à exportação do petróleo, a instabilidade política da região e o ainda incipiente desenvolvimento das áreas econômicas não relacionadas com a exploração de hidrocarbonetos fazem perigar o futuro da região quando as reservas comecem a esgotar-se.

Apesar dos avanços produto do petróleo, hoje em dia os beduínos continuam levando sua vida errante, embora em muitos casos tenham substituído os camelos por veículos com motor e muitos membros que vêem perigar o futuro desta forma de vida emigraram às cidades. Inclusive do próprio governo se tratou de incentivar a estes grupos para que se assentem em alguma urbanização.

Recentemente, surgiu no mundo um sentimento ocidental contra a cultura árabe, o anti-arabismo.

Medina e Meca, as duas cidades sagradas do Islã encontram-se na Arábia. Os muçulmanos devem peregrinar a Meca uma vez na sua vida, desde que possuam condições físicas e financeiras para tal. Isso faz com que, a cada ano cheguem alguns milhões de muçulmanos de todo o mundo a visitar a cidade.

Países

A península Arábica é dividida pelos seguintes países:

* Arábia Saudita: 1.960.582 km2 - 24.300.000 habitantes
* Iémen/Iêmen: 527.970 km2 - 20.000.000 habitantes
* Omã: 212.460 km2 - 3.000.000 habitantes
* Emirados Árabes Unidos: 83.600 km2 - 3.500.000 habitantes
* Qatar: 11.437 km2 - 770.000 habitantes
* Bahrein: 665 km2 - 670.000 habitantes


A Arábia Saudita é o país de maior superfície dentro da Arábia, por isso às vezes se confunde o nome da península completa com este país, que, além disso, exerce uma grande influência política e económica sobre os seus vizinhos.

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