quarta-feira, 11 de novembro de 2009

ESTILOS DE DANÇA DO VENTRE E FOLCLÓRICAS.


Dança da Espada
Existem várias lendas para a origem da Raks Al Saif ou Dança da Espada. Uma delas diz que é uma dança em homenagem à deusa Neit, uma Deusa Guerreira. Ela simbolizava a destruição dos inimigos e a abertura dos caminhos. Uma outra, diz que na antigüidade as mulheres roubavam as espadas dos guardiões do rei para dançar, com o intuito de mostrar que a espada era muito mais útil na dança do que parada em suas cinturas ou fazendo mortos e feridos. Dançar com a espada permite equilíbrio e domínio interior das forças densas e agressivas. Uma terceira lenda conta que na época, quando um rei achava que tinha muitos escravos, dava a cada um uma espada para equilibrar na cabeça e dançar com ela. Assim, deveriam provar que tinham muitas habilidades. Do contrário, o rei mandaria matá-lo.
Outra história remete à época de guerra entre turcos e gregos. Os otomanos teriam contratado algumas bailarinas para levarem vinho e dançarem para os soldados inimigos. Quando estivessem embriagados, elas deviam pegar suas espadas e outras armas para dançar, facilitando o ataque. Uma outra lenda, diz que grupos de beduínos atacavam viajantes que passassem perto de seus territórios, no deserto, durante a noite, para roubar as mercadorias que transportavam. Os mercadores eram mortos e as mulheres beduínas ficavam com suas espadas. Para comemorar a vitória da tribo, elas dançavam exibindo-as como troféus.
O certo é que, a apresentação da bailarina com a espada, exige equilíbrio e habilidade em conjunto com os movimentos realizados graciosamente. Ela deve colocar a espada na cabeça, no peito e na cintura com muita suavidade. É importante também escolher a música certa, que deve transmitir um certo mistério. Jamais se dançaria um solo de Derbake com a espada.

Dança do Punhal
Hoje em dia o punhal é considerado uma derivação da espada, não tendo um significado padrão. Seu traje é comum e o ritmo mais usado é o Wahd Wo Noss. Porém, a história antiga nos revela que essa dança era uma reverência à deusa Selkis, a Rainha dos Escorpiões e representava a morte, a transformação e o sexo.
Na Arábia e no Marrocos é tradição. Esta dança era usada nos bordéis da Turquia e há quem fale que quando a bailarina dança com a lâmina para dentro quer dizer que ela está acompanhada e quando dança com a lâmina para fora, quer dizer que "está livre".
Existem crenças a respeito dos significados de cada gesto que a bailarina faz com o punhal durante sua dança. Vejamos alguns deles:
Colocá-lo na testa na horizontal significa magia; colocá-lo na testa com a ponta para baixo, significa morte; dentro do sutiã significa sexo; entre as mãos significa boas vindas, alegria; colocá-lo entre os dentes significa sedução. Rodar com ele na testa, significa destreza, habilidade; deitá-lo sobre os seios, quer dizer que está apaixonada; pagá-lo com a ponta dos dedos e rodá-lo é o sucesso da bailarina. Passá-lo pelo corpo, significa querer seduzir alguém e dançar batendo-o na bainha quer dizer que está chamando.
Sabe-se que era na verdade uma arma para defesa em situações que colocassem em risco a vida. Por isso, ficou bastante associada aos ciganos e às mulheres que dançavam na rua em troca de dinheiro.
As músicas são umas das mais fortes da dança do ventre. As turcas são ideais.

Dança do Castiçal ou Dança do Candelabro
Raks Al Shamadan. Este tipo de dança existe a muitos anos e fazia parte das celebrações de casamento e nascimento de crianças. É tradicionalmente apresentada na maioria dos casamentos egípcios, onde a bailarina conduz o cortejo do casamento levando um candelabro, específico para a dança, na cabeça. Desta maneira, ela procura iluminar o caminho do casal de noivos, como uma forma de trazer felicidade para eles.
Hoje em dia, é comum que a bailarina apresente a dança do candelabro no começo de seus shows. Este pode ser de 7, 9, 13 ou até mesmo de 17 velas, a critério de cada uma.
É de costume que a roupa seja toda preta ou toda branca, mas não há problema nenhum em dançar com roupas de outras cores também. O ideal é que a roupa seja composta e adequada para este tipo de dança que é considerada sagrada, por celebrar casamentos e nascimentos de crianças.
As velas, na maioria das vezes, são brancas, porém há quem goste de velas coloridas e acreditam em seus significados. Vermelho é o amor passional, sexo e fecundidade. Lilás é transmutação, amarelo é saúde, verde é dinheiro, branco é pureza, azul é carinho e rosa é afeto.
Muitas bailarinas gostam de dançar com véu por baixo do candelabro ou preso na roupa; este combina sempre com a cor das velas. Outras gostam de dançar com o chadô, dando um certo mistério à sua dança.

Dança das Taças
Sendo uma derivação da dança do candelabro, a bailarina dança com duas tacinhas, uma em cada mão, que contém uma velinha em cada uma. Ela exterioriza sua deusa interior, fazendo do seu corpo um veículo sagrado e ofertado, utilizando o fogo das velas que representam a vida.

Dança da Serpente
Por ser um animal considerado sagrado e símbolo da sabedoria, antigamente as sacerdotisas dançavam com uma serpente de metal (muitas vezes de ouro). Atualmente vê-se algumas bailarinas dançando com cobra de verdade, mas isto deve ser visto apenas como um show de variedades, já que nem nos primórdios da dança o animal era utilizado.
Justamente por ser considerada sagrada, a serpente era apenas representada por adornos utilizados pelas bailarinas e pelo movimento de seu corpo.

Dança com Véu ou Dança com Lenço
Não se sabe ao certo como surgiu a dança com véu. Dizem que ela tem suas raízes na dança dos sete véus. O véu atualmente é um dos símbolos mais comuns da dança do ventre e são muitos os passos que o utilizam. Alguns são usados especialmente para emoldurar o rosto ou o corpo da bailarina, assim envolvendo-a em mistério e magia. Por ser transparente, tem o encanto de mostrar sem revelar.
A dança com lenço sugere uma brincadeira com as peças do vestuário usadas no dia a dia. O lenço pode ser usado na cabeça por diferentes motivos: o mais conhecido no ocidente é a obrigação muçulmana de usa-lo por motivos religiosos; porém, as beduínas e tuaregs o utilizam para proteger sua pele e seus cabelos dos rigores do deserto.
Os véus foram incorporados às apresentações de dança do ventre como forma de enriquecer o espetáculo com seus movimentos suaves, mas acredita-se que seu uso é moderno e tem poucas ligações com o folclore tradicional.
As coreografias com véus em grupo são de grande efeito em um espetáculo de dança. São inúmeros os movimentos, podendo executá-los com véus duplos, onde alcançará uma belíssima performance.
Hoje em dia é cada vez mais comum o uso do véu de seda toile; este possui uma leveza e caimento sem igual, engrandecendo a beleza de sua dança.

Dança dos Sete Véus
Existem duas versões para a famosa dança dos sete véus. Uma delas, é uma alusão ao mito de Ishtar, deusa babilônica do amor e da fertilidade. Na Bíblia esse mito foi adaptado e tornou-se a conhecida história de Salomé. Diz o mito que o amado de Ishtar morreu e foi levado ao centro da terra. Como uma alegoria do constante morrer e renascer da natureza, Ishtar desesperada foi atrás dele para traze-lo de volta à vida. Ela teria que passar sete vezes por sete portais e, em cada vez, deixar uma jóia e um véu.
A dança dos sete véus de Ishtar, que ficou conhecida como a "Dança de Salomé", foi escrita na Bíblia com um sentido oposto. No mito original, Ishtar trazia de volta a vida; na Bíblia, Salomé causava a morte.
Outra versão é que a dança dos sete véus era uma dança onde os véus representavam os sete chakras do corpo, desde um estágio mais primitivo até um estágio mais desenvolvido, simbolizando a evolução humana através dos tempos. A retirada e o cair de cada véu significavam o abrir dos olhos que desperta a consciência e a evolução espiritual da mulher.
Os véus amarelos representam o Sol, eliminam o orgulho e a vaidade excessiva, trazendo a alegria, esperança e confiança. O laranja representa Júpiter, que dissolve o impulso dominador e dá vazão ao sentimento de proteção e ajuda ao próximo. O vermelho representa Marte, significando a vitória do amor cósmico e da confiança sobre a agressividade e a paixão. Lilás representa Saturno, mostrando a dissolução do excesso de rigor e seriedade, a conquista da consciência plena e o desenvolvimento da percepção sutil. Azul representa Vênus, revelando que a dificuldade de expressão foi superada, em prol do bom relacionamento com os entes queridos. Verde representa Mercúrio, mostrando a divisão e a indecisão sendo vencidas pelo equilíbrio entre os opostos. E, por fim, o branco representa a Lua; a queda deste último véu mostra a imaginação transformada em pensamento criativo e pureza interior.

Dança com Snujs
Pequenos címbalos de metal, instrumentos de percussão para acompanhamento rítmico, que a bailarina usa entre os dedos nas apresentações. São em número de 4, sendo um par em cada mão.
Dizem que os snujs eram usados pelas sacerdotisas para energizar, trazer vibrações positivas e retirar os maus fluidos do ambiente.
Conhecer e aprender a diferenciar o ritmo árabe é essencial para conseguir tocar snujs. É preciso desenvolver um ouvido musical, as noções de ritmo e contagem de tempo. Um mesmo ritmo pode ficar mais lento ou mais rápido, conforme a música que estiver sendo executada. Se ainda não houver domínio sobre a parte musical, fatalmente a bailarina se atrapalhará quando o ritmo da música se alterar. Ela corre o risco, inclusive, de errar também na sua movimentação corporal.

Dança com Pandeiro
Tradicionalmente, a mulher sempre foi boa no toque do pandeiro. Na maioria das vezes, ela tocava para outras mulheres dançarem. Porém, com a influência cigana, passou a tocá-lo também durante a dança.
Ligado a ritmos folclóricos, esse instrumento está relacionado com o mais autêntico espírito oriental, por isso o traje de quem o toca deve ser o vestido. Com o som forte do pandeiro, a bailarina deve marcar o ritmo com precisão e graça.
Era sempre feita com o sentido da comemoração, da alegria e da festa. Assim como os snujs, acompanha-se seu som com o ritmo da música. A melodia ideal é a que tem bastante toques de pandeiro.
O pandeiro árabe tem um som mais forte.

Dança do Bastão ou Dança da Bengala
Há uma dança masculina originária de El Saaid, região do Alto Egito, chamada Tahtib. Nela são usados longos bastões chamados Shoumas. Estes bastões eram usados pelos homens para caminhar e para se defender.
Note que Saaid também é o nome do ritmo originário desta região. As mulheres costumam apresentar-se utilizando um bastão leve ou uma bengala, imitando-os, porém com movimentos mais femininos. Elas apresentam-se ao som do ritmo Saaid original, que é o mais comum e o mais usado. Porém pode ser dançado também com Maksoum, Malfouf ou até mesmo o Baladi.
Durante a dança, a mulher apresenta toda a sua habilidade, equilíbrio e charme. Costuma-se chamar esta dança feminina de Raks El Assaya (Dança da Bengala). A Raks El Assaya foi introduzida nos grandes espetáculos de dança do ventre pelo coreógrafo Mahmoud Reda. Fifi Abdo teria sido a primeira grande dançarina a apresentar performances com a bengala. Porém ela se apresentava com roupas masculinas.
A roupa típica da dança da bengala é um vestido com um lenço no quadril e um adereço qualquer na cabeça, um lencinho, etc. Não se deve, nunca, dançar somente com duas peças (sutiã e cinturão) a dança da bengala. A roupa pode até ter uma "barrigueira", vestidos com buracos, enfim, mas nunca só com a roupa de dança do ventre comum (duas peças).

Zaar
Dança de exorcismo, que estabeleceu-se no Sudão em 1820.
É uma dança de êxtase, praticada no norte da África e no Oriente Médio, não aceita pelo Islamismo. Ele é melhor descrito como sendo uma "cerimônia de cura", na qual utiliza-se percussão e dança. Seu ritmo é o Ayubi. Funciona também como uma forma de compartilhar conhecimento e solidariedade entre as mulheres destas culturas patriarcais.
No Zaar, a maior parte dos líderes e dos participantes são mulheres. Muitos estudiosos têm notado que, embora a maioria dos espíritos transmissores sejam masculinos, as "receptoras" geralmente são mulheres. Isto não significa que os homens não participem das cerimônias Zaar; ele podem ajudar na percussão, no sacrifício de animais, ou fazer as oferendas. De fato, em algumas culturas praticantes do Zaar, são observadas tendências em se inserir uma participação masculina maior, nas quais ele, mais do que cooperador, busca tornar-se o líder.
Atualmente ocorre uma proliferação de grupos de culto no Sudão, além de uma diversificação nos tipos de Zaar.
Quando esta dança é executada dentro de espetáculos de dança, ela não possui um objetivo ritualístico.

Khalige
Também conhecida como Raks El Nach'at, é uma dança tradicional originária do Golfo Pérsico, da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes.
Em festas femininas e casamentos é comum que as mulheres coloquem o tradicional vestido khalige por cima de sua roupa de festa e dancem sempre. São festas fechadas e familiares.
Os países onde este ritmo é mais conhecido são: Kuwait, Katar, Arábia Saudita e Emirados Árabes.
No oriente, é chamada dança dos desertos, já que os nômades são os dançarinos tradicionais. As mulheres vestidas com suas longas túnicas de corte geométrico e ricamente bordadas, dançam de forma bastante sensual movendo a cabeça, mexendo os cabelos e marcando o ritmo com os pés.
Nos shows tradicionais fora de seu país de origem, às vezes a bailarina para homenagear alguém da platéia que provém de um destes países, insere uma pequena demonstração de khalige em sua apresentação, o que faz a alegria dos turistas.

Dança do Jarro
Raks Al Brik ou Dança do Jarro é realizada apenas por mulheres. A vida em regiões desérticas e a forte repressão sexual, estimularam a mente de cantadores e músicos. Alguns compunham versos e rimas de amor para cantar a beleza das moças que iam buscar água na fonte. Seus rostos ficavam quase sempre cobertos, assim como todo o corpo; porém, ao se aproximar da água era preciso arregaçar as mangas ou subir um pouco a saia para não molhar os trajes. Era o delírio dos rapazes que poderiam apreciar tudo o que ficava escondido.
Essa tradição é tão antiga que se perde no próprio tempo. As mulheres, para carregarem os pesados jarros cheios de água, colocavam tecidos sobre a cabeça e andavam equilibrando os potes. Muitos desses jarros eram feitos de barro, se caíssem poderiam se quebrar; isso daria muita confusão para uma escrava. Dessa habilidade de equilibrar um jarro sobre a cabeça, nasceu um tipo de dança comum no Norte da África. Muitos senhores de escravas ofereciam para seus hóspedes, exóticas apresentações na hora de servir o vinho. As coreografias eram marcadas por giros e movimentos rápidos dos pés, sem que uma gota sequer do conteúdo dos jarros caísse no chão. Ao final da apresentação, o líquido era despejado em taças de metal para ser bebido pelos convidados.

Dança das Colheres (Folclore Turco)
Na Turquia, velhos e jovens dançam, mas é necessário que seja numa ocasião especial como casamento, noivado, etc. A origem dos turcos é xamanista antes de se tornarem muçulmanos. Os xamanistas fazem movimentos para expressar seus sentimentos e essa característica permaneceu durante todos esses séculos. A dança vem através desses movimentos todos juntos quando demonstram situações em que viveram, do cotidiano. Por exemplo: Fui pescar e pesquei um peixe enorme!" - aí se dança para contar este fato. Essa cultura foi passada de geração por geração e até hoje podem se contar histórias através da dança.
A "Dança das Colheres" surgiu na região de Silifike na Anatólia. Esta dança é famosa na Turquia porque os instrumentos vieram da Ásia Central. Na cultura da Ásia Central usava-se instrumentos desse tipo para criar um ritmo. Normalmente as colheres eram feitas de pedras, as pessoas pegavam duas pedras e faziam um ritmo.
Isso porque não haviam muitos instrumentos naquela época. Então era fácil, você criava o ritmo, fazia os passos e dançava. Outro motivo é que naquela época na Anatólia, na região de Silifike, os músicos na sua maioria eram ciganos. Estes gostam de regiões quentes e essa região é muito quente no verão. Os residentes desta região preferiam mais frio, então eles iam para as montanhas, onde é mais fresco e os ciganos não iam até lá. Tiveram então que criar sua própria dança; eles não podiam viver sem a dança. Pegavam as colheres, faziam o ritmo, cantavam e dançavam. Cantavam e tocavam com as colheres.
As colheres que são utilizadas atualmente são de madeira e tem uma forma diferente, própria para a Dança das Colheres. O figurino também é específico desta dança. Há várias maneiras de se tocar, criavam alguns passos para os ritmos e começavam a dançar.
*Texto: Ahmet Luleci - Coreógrafo e professor de danças folclóricas turcas.

Melea-Laff
Melea é um tipo de véu oriental que ganhou popularidade no Egito nas décadas de 30 e 40, sendo única e exclusivamente deste país.
O que é Melea-Laff? É lenço enrolado. Enrolado porque nesta dança as mulheres se envolvem em lenços pretos, de tamanho grande e tecido grosso, que pode ser ou não bordado.
Seu maior atrativo era que, apesar de esconder o corpo, por ser escuro e pesado era ao mesmo tempo revelador, pois o tecido era enrolado bem apertado ao redor do corpo.
Melea-Laff era dançada pelas meninas do Cairo, sendo muito comum que a bailarina fosse extremamente carismática, muito charmosa e bastante exagerada nos gestos. São gestos bem típicos das mulheres baladis do Egito. Hoje em dia é normal que você veja uma bailarina representando esse personagem e entrar para dançar mascando chicletes e falando em árabe no meio da música, por exemplo.
Apesar de ter origem nos trajes humildes dos vilarejos, por ser inspirado nos xales usados pelos gregos de Alexandria, a melea tornou-se item muito popular da moda egípcia.
A borrka é um tradicional acompanhamento desse traje, que nada mais é, que um véu tricotado para o rosto, com amplos buracos que acrescentam mistério ao rosto, em vez de cobrir, no sentido tradicional do Islã.
Apesar de dançar profissionalmente não ser considerado "certo", as mulheres encontravam uma maneira de realçar suas danças nas ocasiões festivas e comemorações. Começavam a dançar lentamente com a Melea-Laff, usando o gesto de se enrolar como parte da dança. O véu enrolado apertado e justo ao corpo mostrava as curvas do quadril e da cintura. Assim, o véu era utilizado para criar um tipo de dança provocante, ainda que totalmente coberta.
A dança com Melea representa a dança misteriosa mais usada para o flerte.
Uma dançarina que usava a dança de Melea como um dos itens mais populares de seus shows era Fifi Abdo, pois relembrava uma época agradável da história recente do Egito, quando a economia estava em alta e as mulheres viviam uma liberdade diferente e a possibilidade do flerte que veio através dessa moda com o véu.
Para dançar Melea-Laff, é preciso que você saiba enrolar o véu de maneira correta no corpo, manuseá-lo e ter muito charme e muita graça!

Guedra
Dos povos Tuaregs (abandonados por Deus). Este termo não é muito bem aceito, por ter este significado um pouco pesado para aqueles que em sua maioria são muçulmanos. Abandonados por Deus, foi inspirado na sua vida solitária, distante de todos, em meio ao deserto. Uma forma de vida que contribuiu para reforçar suas particularidades: língua berbere, costumes, expressão musical e artística em geral.
Conhecidos também como pessoas azuis, devido à coloração da pele negra retinta e por seus mantos tingidos de anil. Outra denominação é Mozagites.
Nas músicas berberes, predomina a poesia cantada explorando temas como a agricultura, ciclos da natureza, vida pastoral, o amor e a guerra. Eles sofreram invasão romana e depois árabe-muçulmana.
O Guedra é uma dança de invocação, onde se transmite energia através de movimentos dos dedos das mãos e punho, podendo ser realizada por uma mulher, duas ou uma mulher e uma criança que adornam seus dedos com henna. Inicia-se a dança com a cabeça coberta com véu preto ou azul. Cada articulação se move com um padrão cadenciado, em movimentos sincopados de ombros e área peitoral, que seguem as batidas rítmicas do instrumento de percussão, enquanto sua cabeça balança lateralmente e seu cabelo, adornado com todos os tipos de conchas e contas, aumenta a beleza do quadro.
Com a intensificação do ritmo, a bailarina cresce e torna-se ofegante, seus contornos faciais parecem tensos e contorcidos, os olhos se fecham, todo o seu ser parece, de repente, estar tomado por um feitiço. Exausta pelo esforço físico e emocional da dança, ela deixa o círculo mágico e outra toma o seu lugar.
O ritmo é similar à buleria flamenca, devido à complexidade. Possui um sentido diferente das danças de transe, Zaar e Hadraa, já que é puramente alegre e não está conectada à sacrifícios de animais.
Os instrumentos usados são feitos com potes de barro, cobertos com pele de animais, presas com cordas.

Tannoura
Dança dos muçulmanos sufistas do Egito. Os dervixes em Konya, na Turquia realizam também esta dança marcada por giros ininterruptos; é uma dança mais estática.
É provável que a colocação das mãos; uma virada para o céu e outra para a terra, tenha vindo do Egito antigo, tal como é visto nas figuras dos papiros. Esta dança faz com que os participantes aproximem-se de Deus.
Dança dos Pescadores
Dança egípcia realizada tanto por homens como mulheres, na qual os homens representam os pescadores e as mulheres representam os "peixes" que estarão na rede. A rede, nesta dança pode aparecer como um objeto real ou imaginário, através de mímica.
O ritmo usado é o Fallahi. O traje é de marinheiro, coletes, calças e bonés típicos.
Andaluz
Originado pelos mouros islâmicos afastados da Espanha. Este estilo também denominado de "Malouf", é caracterizado por passos ligeiros e braços com graciosidade arabesca, que desenham os meandros da melodia.
Um véu evidencia a sinuosidade dos movimentos. Acompanhado de uma música clássica: nouba.
Nouba designa "um por vez", na pauta ou na composição musical. É concentrada em uma série de peças vocais e instrumentais construídas sobre um tab ou modo particular. O desenrolar é variado dos ritmos e movimentos variados. No início, nouba correspondia a cada hora do dia e da noite, assim como as regras indianas. Devido à sua transmissão oral, perdeu sua significação, por culpa do tempo e da memória. A orquestra para a execução do Malouf, deve estar composta de instrumentos de corda, sopro e percussão.
Este estilo foi executado para grandes califas, sultões, reis, sheiks e mais tarde, gerou o estilo de dança conhecido como andaluz, muito sofisticado e apreciado por um público cativo.

Hagallah
Essa dança de celebração é realizada pelos beduínos da região de Mersa Matruh, próximo à Líbia. Relacionado ao kaf (palmas). O Hagallah é encontrado também em outras partes do Oriente Médio. Acredita-se que a palavra Hagallah, venha do árabe hag'l, que designa "saltar, pular". É realizado junto dos noivos no Zaffe (procissão), que corresponde também à época de colheita.
Hagallah refere-se à dança, música e esta celebração. Familiares e amigos acompanham com cantos e palmas, mostrando sua solidariedade para com os noivos. A figura central da festa é uma bailarina, que pode ser membro da família da noiva. A bailarina pode estar total ou parcialmente coberta por véus. Ela dança à frente de um homem, denominado de kefafeen. Esta dança não representa uma disputa entre homens e mulheres, mas denota o poder entre estes gêneros, suas graças.
A mulher caminha com passos curtos e shimmies à frente da procissão. Ela pode portar um bastão ou um véu em suas mãos. O bastão não é manuseado como na dança Raks Al Assaya. No Iraque, há uma versão para o Hagallah, onde a bailarina porta uma espada e os homens tentam tirar seu véu. Algumas vezes o resultado é desastrosos, podendo haver feridos.
O jogo sedutor na festa de casamento é muito complexo e hoje se encontra deturpado nas grandes cidades. No final da cerimônia, a bailarina ajoelha-se diante do kefafeen e entrega seu bastão ou seu véu. E ele lhe dá um ou dois braceletes como símbolo de força e sorte diante da nova proposta.

Stambali
Os Tunisianos têm, também, uma verdadeira dança de transe, o "Stambali", executado por negros tunisianos em homenagem a seu santo protetor, Sidi Saad. Essa dança é executada em santuários e na casa daqueles que necessitam de seus poderes terapêuticos.
A Stambali, há o envolvimento do sacrifício de um animal, assim como na Zaar.

Solos de Derbake
Derbake ou Tabla é um instrumento de percussão imprescindível, pois é ele que marca o ritmo do resto do grupo musical. Antigamente, era feito de barro e pele de cabra e os músicos sentavam em cima dele momentos antes de tocá-lo, para aquecê-lo. Atualmente, são feitos de fibra e plástico.
Dança com solo de derbake simboliza a técnica mais antiga e enraizada da bailarina, um momento de êxtase, com fortes batidas do coração e o sangue circulando nas veias.
Nos solos de percussão, a bailarina expressa através do quadril, o que é mais belo e tecnicamente oriental e primitivo. Os movimentos de cabeça, mãos, peito, troncos e cambrets interpretam a emoção, já os quadris e os ombros desenvolvem a técnica.
Entre o derbakista e a bailarina precisa existir um entendimento mútuo e é necessário que ele conheça o estilo de dança dela e ela o estilo de toque dele. É fundamental que a bailarina aprenda pelo menos alguns dos ritmos árabes, que são complexos; alguns vêm de países distintos

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